“Diz o poeta Hampaté Bah, do Mali: “Quando morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca”. Essa frase nos traduz a mais pura verdade. Sou de família onde os mais velhos são respeitados. São a quem recorremos nos momentos de aflição, quem nos dá conselhos, nos ensinam como seguir em frente, quando estamos diante de obstáculos. Nosso porto seguro. Nosso exemplo. Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes.
Atualmente, minha geração, principalmente, olha com preocupação a forma de tratamento que Idoso/velho/sábio recebe. A Sociedade regrediu em muitos aspectos. É em nosso cotidiano, que se percebe, claro, essas situações. Não adianta ter o 'dia do idoso, estatudo,' se o respeito por esse Ser Gigante e Sábio, não for exercitado diariamente, por mim, por você, e pela sociedade como um todo, nas atitudes mais simples. Temos visto muitas conquistas, mas, por incrível que pareça, ainda se engatinha nessa lição...Existe uma necessidade latente de reaprender essa matéria...Resgatar memórias esquecidas...O RESPEITO! Nas diferentes culturas, encontra-se referência a esses sábios, de forma respeitosa e uma grande admiração. Aja visto, são pessoas que, ao longo de suas existências acumularam, conquistas, frustrações, sorrisos, lágrimas e, muitas vezes, dores, mesmo assim, jamais desistiram. As mãos calejadas, as rugas, poemas escritos em suas faces, vincos profundos, evidências de quem já há muito tempo labora. “A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda, para contá-la”. Gabriel Garcia Márquez
“Aos quinze anos, me dispus a aprender
Aos trinta, firmei os pés no chão
Aos quarenta, já não sofria perplexidades
Aos cinqüenta, conhecia as solicitações do Céu
Aos sessenta, as ouvia com ouvidos dóceis
Aos setenta, pude seguir os ditames do coração”...
Confúcio - 551/479 AC
Confúcio, já sabia, como viver e se munir dessa bagagem da maturidade. Ser velho é permitir que o coração fale mais alto que a razão. Deixa-se a aspereza de lado, para resgatar, novamente, a delicadeza, seja nos gestos ou nas palavras. Dá se o direito de ir mais devagar usufruindo-se de tudo o que nos encanta. "A vida não é apenas uma sucessão de evento. Passado, Presente e Futuro não são momentos únicos e separados de nossa existência. O futuro é construído de nosso passado e de nosso presente. O que um dia fomos permanece conosco, e a este cabedal vamos acrescentando vivências, conhecimentos e experiências (2003, p.187)."
Ao voltar um pouco na história veremos que ..."A nossa compositora e escritora Chiquinha Gonzaga que escreveu 77 partituras de peças teatrais e mais de 2000 composições em todos os gêneros, compôs a música da opereta Maria, de Viriato Corrêa, aos 80 anos de idade. Rui Barbosa aos 72 anos escreveu a sua famosa "Oração aos Moços", que é uma de suas grandes peças, Cervantes contava 68 anos quando terminou o Dom Quixote, As melhores composições de Bach aconteceram quando ele já tinha uma idade avançada, Beethoven superou a si mesmo em seus últimos quartetos, Rembrandt passava dos 60 anos quando pintou seus quadros mais famosos, Galileu, aos 72 anos mostrou ao mundo sua obra definitiva, Sigmund Freud, considerado o pai da Psicanálise, escreveu e fez descobertas, até bem pouco tempo antes de sua morte, em 1939 aos 83 anos". E, para finalizar deixo um dos conselhos mais encantadores que já conheci:
Instantes...
(Conselhos de uma Grande Sábia chamada Nadine *)
- Se eu tivesse que começar a vida novamente, gostaria de errar mais vezes.
- De relaxar, de ser mais flexível.
- Teria mais simplicidade. Poucas coisas faria com seriedade.
- Correria mais riscos, viajaria mais.
- Subiria as montanhas e nadaria em rios.
- Tomaria mais sorvetes e comeria menos feijão. Talvez agora estivesse com mais problemas. Porém, teria menos ilusões.
Como vê, sou uma dessas pessoas que vivem com sensatez e juízo, hora após hora, dia após dia. Oh! Já tive meus momentos, e se os tivesse de novo eu os multiplicaria. De fato, eu tentaria não ter nada além deles. Só os momentos, um após outro, em vez de viver tantos anos sempre à frente dos dias.
Fui uma dessas pessoas que nunca foi a nenhum lugar sem um termômetro, uma garrafa de água quente, uma capa de chuva e um pára-quedas. Se eu pudesse fazer tudo de novo, viajaria com mais descontração.
Se eu tivesse que começar a vida de novo, ficaria descalça bem cedo na primavera e permaneceria assim até o fim do outono. Iria mais vezes aos bailes e freqüentaria mais os parques de diversão.
Escolheria o que fosse mais gratificante...
*Nadine Stair, 85 anos de idade.
Louisville,Kentucky
Viva Bem e seja Feliz. Não importa qual é sua idade.
Namastê!
Grifos meus*
Fontes de pesquisa:
Suzana A. Rocha Medeiros. Como pensar a vida. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, ano XXIV, nº75. p.187-190, 2003.
Virginia Viguera - Los Fantasmas del Envejecer –La Educación para el Envejecimiento- Clase 8 - Curso Virtual.
Um comentário:
Hello!
Fiquei feliz que você está a seguir meu Blog sobre a caridade e costumes de meu povo. Graças.
Gostei muito das mensagens que transmite. Sobre o texto "Ser velha ou Sábia?" lembra muito nossas tradições sobre as matriarcas mais conhecidas na história de minha gente, Sarah, Leah, Rachel... Elas deixaram suas experiências para todas as futuras gerações de mulheres judias. É sempre uma boa lição ouvir com respeito os mais velhos.
Que a Paz esteja convosco.
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