Uma verdadeira GUERREIRA a qual tenho ORGULHO de conhecer por tantas vidas...
mas, para o deleite de amantes, a sacralização é uma expressão de amor, de encantamento, de maravilhamento. então,
sagrados são cada átomo de nossos corpos, corpos de marés, de pedras, de cachoeiras, de ventos, de florestas, de desertos. e nosso prazer é sagrado.
sagrado é nosso amor, de frutas, flores, sementes, raízes, calor, umidade, sopro, tempos, fluxos, ciclos e movimentos. e nosso êxtase é sagrado.
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sagrado é não ter conhecido a inveja, a crueldade, a miséria. a inocência é sagrada.
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sagrada é nossa dança, e nossa poesia é sagrada.
sagrada é nossa vida, e nossa eternidade é sagrada.
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Parei para pensar, me perguntar:
"deus" serve para traduzir o sentido que as divindades têm para as teorias cosmológicas de povos africanos e ameríndios no Brasil? Eu aposto que NÃO.
O meio ambiente, o ecossistema, a natureza, o Cosmos é Orisá no Candomblé! Enquanto no judaico-cristianismo a "natureza", as estrelas, toda a existência material é apresentada no livro "Gênesis" sendo criada por "Deus" para o uso dos "homens"; no Candomblé, a "natureza" é Orisá, ou seja, existe uma contradição, uma incompatibilidade epistemológica para Orisá e o que chamamos de "deus". É claro que não podemos falar de "deus" quando falamos de Orisá.
"Deus" criou a natureza para ser utilizada pelos homens; Orisá é a Natureza, por isso, penso mesmo que essa palavra "deus", usada por nossas tradições "ocidentais/ocidentalizadas" nãoi é capaz de traduzir o significado, o entendimento, sentimento, sentido do Orisá! e também acho que "deus" não serve para falar da criação do mundo, por exemplo, para os Yepa mahsã, indígenas com os quais trabalhei. Ye'Pá não pode ser traduzida por "deus".
Nossas palavras estão carregadas demais com o peso de nossa moral, de nossa arbitrariedade e desrespeito generalizado. "deus" pelo discurso das igrejas e de outras religiões austeras, sexistas, opressoras, imbricadas em sistemas políticos e econômicos de exploração e morte; é sexista, opressor e justifica o sistema político e econômico de exploração e morte que o sustenta.
Quero dizer que nem nossas palavras, nem muita coisa nossa, servem para falar sobre esses outros modos de pensamento. Na antropologia as pessoas têm esbarrado com essa dificuldade, inúmeras vezes. Nossas palavras aparecem como armadilhas que pesam contra a apreensão de outros pensamentos."
texto da publicação de onde tirei a imagem "Orisá é Natureza" ( Jakeline Souza )
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